Gerenciamento de Riscos Corporativos - IBCG e o Centro de Estudos Prevenir Tragédias através da Segurança Proativa e a Gestão de Riscos
Fonte: Gerenciamento de riscos corporativos: evolução em governança e estratégia - IBCG
A gestão de riscos vem se tornando mais importante no dia a dia das empresas, não só como uma forma de reação a fracassos corporativos que poderiam ter sido evitados por um gerenciamento adequado, mas pela sua importância estratégica. As informações levantadas pelo GRCorp são parte integrante do processo de tomada de decisões empresariais, da proteção de ativos e do processo de criação de valor, o que ressalta a importância de que essa estrutura seja dotada de uma governança adequada.
1.1 Conceitos de gerenciamento de riscos corporativos
Dado que o risco é inerente a qualquer atividade empresarial, cabe às empresas o gerenciarem com vistas a assumir riscos calculados, reduzir a volatilidade dos seus resultados e aumentar a previsibilidade de suas atividades e se tornar mais resilientes em cenários extremos.
A eficácia no seu gerenciamento pode afetar diretamente os objetivos estratégicos e estatutários estabelecidos pela administração – e, em última análise, impacta a longevidade da organização.
O gerenciamento de riscos corporativos (GRCorp) pode ser entendido como um sistema intrínseco ao planejamento estratégico de negócios, composto por processos contínuos e estruturados – desenhados para identificar e responder a eventos que possam afetar os objetivos da organização – e por uma estrutura de governança corporativa – responsável por manter esse sistema vivo e em funcionamento.
Por meio desses processos, a organização pode mapear oportunidades de ganhos e reduzir a probabilidade e o impacto de perdas. Trata-se, portanto, de um sistema integrado para conduzir o apetite à tomada de riscos no ambiente de negócios, a fim de alcançar os objetivos definidos.
A gestão eficaz de riscos é dada pela qualidade da estrutura de governança, dos recursos humanos, das estratégias, da cultura, pela percepção dos riscos trazidos pela qualidade do ambiente de negócios, dos processos, dos controles e da tecnologia empregados. Ela é um diferencial das empresas nas quais relações risco-retorno embasam a tomada de decisões por parte dos administradores, visando alcançar os objetivos da organização. A relação risco-retorno sugere que quanto maior o retorno esperado dos investimentos, maiores serão os riscos a ser assumidos, o que exige a avaliação da competência para geri-los e controlá-los. Portanto, a reflexão sobre a capacidade de gerir os riscos assumidos é fundamental para escolhas bem embasadas e conscientes.
A implantação do GRCorp traz vários benefícios para as companhias gerirem seus riscos, sejam eles operacionais ou relacionados ao ambiente de negócios como um todo. Uma vez que a organização passa a contar com processos claros para identificar, mensurar, reportar, monitorar e mitigar os riscos há um aprimoramento dos controles internos, trazendo ganhos operacionais, reduzindo a possibilidade de perdas e maximizando a eficiência e a eficácia empresarial.
Outro benefício da gestão de riscos é o aprofundamento das discussões sobre aspectos-chave do negócio, bem como a identificação de novas oportunidades. As informações levantadas propiciam melhor embasamento da tomada de decisões, facilitando os processos de escolha de alocação de recursos.
O GRCorp promove a transparência, ao explicitar os principais riscos do negócio e a forma como eles são tratados. Os investidores passam a contar com mais subsídios para avaliar se vale a pena empregar o capital naquela empresa (ou qual o retorno esperado para tanto). Outras partes interessadas, como a comunidade, o governo e os funcionários, também se beneficiam direta ou indiretamente de um sistema de GRCorp robusto e bem estruturado, na medida em que a empresa gera valor pela assunção de riscos, seus resultados são menos voláteis, e o sistema contribui para a viabilidade da organização, levando em conta as dimensões econômico-financeira, ambiental, social, reputacional e de conformidade.
Além disso, há uma melhoria na governança corporativa em decorrência dos processos inerentes ao gerenciamento de riscos, como o aumento da prestação de contas, da responsabilidade corporativa e do envolvimento dos diversos níveis de decisão da organização, como o CA. Tudo isso converge, por fim, para a longevidade da companhia e para a sua valorização.
2.1 Governança corporativa e gerenciamento de riscos
O IBGC, em seu Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, define governança corporativa como “o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo o relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”.
A gestão de riscos existe para ser associada ao processo decisório e ao processo de estabelecimento da estratégia, ou seja, a gestão de riscos é processo que deve ser integrado ao processo de decisão. Do ponto de vista operacional, podemos dizer que o gerenciamento de riscos integra a governança de uma empresa, pois o risco precisa ser identificado, medido, tratado e monitorado – e essas informações alimentam o processo de tomada de decisão por parte de diferentes agentes, sejam os sócios, o conselho de administração (CA), a diretoria, assim como as demais partes interessadas (por exemplo clientes, fornecedores, comunidade, reguladores, o governo, entre outros). Dessa forma, o GRCorp traz vantagens na estrutura de governança das organizações, como o aumento da transparência e da prestação de contas, o fortalecimento dos controles internos e maior comprometimento com a responsabilidade corporativa.
Para funcionar adequadamente, o GRCorp necessita ter estabelecido e formalizado uma estrutura de governança clara. Essa estrutura definirá atribuições e reponsabilidades de cada agente nos diferentes níveis e práticas de GRCorp no que diz respeito aos riscos, indicando, por exemplo, quem identificará e avaliará os riscos, quem tomará as decisões sobre o tratamento dos riscos, quem monitorará os riscos, e quem fiscalizará o processo como um todo.
As principais reflexões a serem discutidas pelo CA e pela diretoria para a construção do modelo de governança de GRCorp incluem:
• O que pode comprometer o cumprimento das estratégias e metas?
• Onde estão as maiores oportunidades, ameaças e incertezas?
• Quais são os principais riscos?
• Quais os riscos a explorar?
• Qual a percepção desses riscos?
• Qual a exposição desses riscos? Existe diferença entre percepção e exposição
desses riscos?
• Como a organização responde aos riscos?
• Existem informações confiáveis para tomada de decisões?
• O que é feito para assegurar que os riscos estejam em um nível aceitável de acordo com o apetite a riscos aprovado?
• Os executivos e gestores têm consciência da importância do processo de gestão de riscos?
• A organização tem as competências necessárias para gerir riscos assumidos?
• Quem identifica e monitora ativamente os riscos da organização?
• Que padrões, ferramentas e metodologias são utilizados?
2.2 Papéis e atribuições do modelo de governança de GRCorp nas três linhas de defesa
O modelo de governança de GRCorp, representado pelas funções distribuídas na estrutura organizacional, auxilia o gerenciamento dos riscos em diferentes níveis da organização.
Esse modelo visa assegurar que a informação proveniente do processo de gestão de riscos seja adequadamente comunicada e utilizada como base para a tomada de decisões e a responsabilização em todos os níveis organizacionais aplicáveis.
Os processos e atividades que envolvem o GRCorp, bem como o seu monitoramento, devem ser exercidos:
i. Pelos diversos agentes dos órgãos de governança, incluindo o CA, o comitê de auditoria e demais e comitês de assessoramento (como o comitê de gerenciamento de riscos ou outros que discutam temas técnicos específicos), a diretoria e o conselho fiscal, quando aplicável. Caso a organização não possua um CA, essa atribuição será exercida pelo(s) sócio(s).
ii. Pelas três linhas de defesa, conforme a seguir detalhado.
1ª Linha de defesa – realizada pelos gestores das unidades e responsáveis diretos pelos processos: contempla as funções que gerenciam e têm a responsabilidade sobre os riscos;
2ª Linha de defesa – realizada pelos gestores corporativos de GRCorp, de conformidade ou de outras práticas de controle, por exemplo, e que contempla as funções que monitoram a visão integrada dos riscos;
3ª Linha de defesa – realizada pela auditoria interna: fornece avaliações independentes por meio do acompanhamento dos controles internos.
O modelo da governança de GRCorp pressupõe a existência de interação entre todos os níveis da organização, incluindo o CA e seus comitês, o conselho fiscal, a diretoria e os agentes da primeira, segunda e terceira linhas de defesa.
Nesse modelo, cada uma dessas três linhas desempenha um papel distinto dentro da estrutura mais ampla de governança da organização.
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Washington Barbosa
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