Tragédia no Litoral Norte de São Paulo, temporal, mortes, pessoas feridas, perdas materiais e o Centro de Estudos Prevenir Tragédias

Fonte: Bibliografia do Centro de Estudos Prevenir Tragédias, G1, Band, Record e Internet

Por Washington Barbosa em 28/02/2023

A tragédia no litoral norte de São Paulo causada por uma chuva recorde, causou mortes, pessoas estão desabrigadas ou desalojadas, expondo um profundo traço de desigualdade na região.

O balanço da Defesa Civil aponta 65 mortes (64 em São Sebastião e 1 em Ubatuba).

Segundo o último boletim estadual, divulgado às 18h deste domingo, são 1.109 desalojados e 1.172 desabrigados na cidade.

Além do trabalho de resgate, os bombeiros também agem para tentar convencer os moradores de áreas de risco a deixarem suas casas enquanto a situação não for normalizada.

O que aconteceu?

Dezenas de pessoas morreram, casas foram destruídas e rodovias bloqueadas após um temporal histórico que atingiu o Litoral Norte de São Paulo durante o último fim de semana.

A chuva começou no sábado (18). Durante a noite, ela já era muito forte e não parou mais. Por conta disso, a maioria dos estragos começou já na madrugada de domingo (19).

A cidade mais prejudicada foi São Sebastião. A Vila Sahy, na Costa Sul do município, foi a mais atingida por deslizamentos de terra e ficou totalmente destruída. O local soma a maior parte das vítimas da tragédia.

Outra cidade da região com registro de morte foi Ubatuba, onde uma menina de sete anos morreu após uma pedra de duas toneladas deslizar e atingir o local ela morava.

Caraguatatuba, Guarujá e Bertioga também sofreram prejuízos e tiveram moradores desabrigados e desalojados, mas nenhuma morte foi registrada.

Maior chuva da história

As chuvas que caíram em entre sábado (18) e domingo (19) no litoral paulista foram as maiores registradas em 24 horas na história do país, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

O volume que caiu em Bertioga, 683 milímetros acumulados, é o maior registro dos sistemas até o momento. Na tragédia de Petrópolis, em 2022, foram registrados 534,4 milímetros. Já o então recorde do Inmet, de 1991, da cidade de Florianópolis, é de 404,8 mm em 24 horas.

Vídeo sobre a tragédia do litoral norte de São Paulo

Uma breve e inicial análise da tragédia pode ser feita utilizando os modelos do Centro de Estudos Prevenir Tragédias.

Em relação a abordagem sociotécnica estruturada, segue o modelo abaixo:


Figura - Abordagem Sociotécnica Estruturada

Mais informações da Abordagem Sociotécnica Estruturada em: 

e:


Vídeo da Abordagem Sociotécnica Estruturada 


Inserindo algumas variáveis exo e endógenas:

Variável Exógena, Eventos da Natureza

Questão climática:

Como foi o evento:

Entenda o que levou à chuva recorde, em 24 horas, que atingiu o litoral de SP

Segundo Marcelo Seluchi, coordenador-geral de operação e modelagem do Cemaden, a frente fria era intensa, com características raras para fevereiro. Ele afirma que a baixa pressão ajudou a concentrar a chuva de São Sebastião a Bertioga.

Questões econômicas:

A maioria das vítimas vive em zonas de risco de deslizamento por falta de condições para bancar uma moradia em áreas seguras – geralmente destinadas aos condomínios de luxo da região.

Em entrevista a Natuza Nery, ao G1, o professor de instituto das cidades da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Anderson Kazuo Nakano defende que sejam implantadas novas maneiras de se regulamentar os condomínios de alto padrão no litoral.

"É preciso pensar formas aproveitar essas áreas próximas aos condomínios – distantes dessas áreas de impacto da Serra do Mar – para acomodar essa população que chegou lá para ajudar a construir esses condomínios e está lá para trabalhar como empregada doméstica, jardineiro, porteiro, segurança motorista."

Nakano explica ainda que não faltam recursos para que a prefeitura acomode as demandas habitacionais do trabalhador de baixa renda junto às áreas de condomínios. Em 2021, quatro das seis cidades em estado de calamidade – incluindo São Sebastião, a mais afetada – receberam R$ 548 milhões em distribuição de royalties do petróleo.

"Não é falta de recursos o problema ali no município. Além de receber as transferências intergovernamentais, precisa ter um compromisso mais claro com o planejamento urbano habitacional e ambiental no município por parte dos governantes locais."

Em relação a Gestão Dinâmica da Segurança, segue modelo abaixo:


Figura - Gestão Dinâmica da Segurança 

Mais informações da Gestão Dinâmica da Segurança em: 

e:


Vídeo da Gestão Dinâmica da Segurança

Área dos Acidentes:

Deslizamentos frequentes na Serra do Mar são resultado de solo superficial, alta inclinação e 'paredão' de nuvens

Especialistas em geologia e climatologia explicam os fatores que tornam os deslizamentos inevitáveis e os desafios para o poder público proteger a população da região.

A Serra do Mar é um conjunto de mil quilômetros de um maciço de rochas que se estende de Santa Catarina ao Rio de Janeiro. Rochas que se formaram há bilhões de anos e são as mais antigas do estado.

Mas o maciço poderoso também tem suas fraquezas, que ficam claras nas imagens que mostram as cicatrizes deixadas pelos deslizamentos.

E este é um aspecto que acompanha a Serra do Mar desde que ela se formou.

Segundo Fábio Augusto Reis, professor de geologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), é a combinação de três fatores que provoca tantos deslizamentos:

A alta inclinação das encostas;

A pouca profundidade do solo acima das rochas;

O "paredão" provocado pelas rochas, que prendem as nuvens na região e provocam chuvas frequentes.

Essas aspectos, somados à multiplicação de eventos climáticos extremos, como uma chuva de 683 milímetros durante menos de 15 horas em uma região que registra média de 303 milímetros em um mês inteiro, torna a situação das encostas da Serra do Mar ainda mais complexa.

Entenda abaixo por que os deslizamentos no Litoral Norte de São Paulo são inevitáveis e podem se tornar cada vez mais intensos:

Solo com dois metros de profundidade

Por cima das rochas – que chegam a alcançar até 1.800 metros de altura em alguns pontos – há apenas uma camada muito fina de solo e vegetação, que tem a tendência natural a escorregar.

"Na Serra do Mar nós temos a floresta, formada por árvores de grande porte, também chamada de Mata Atlântica. Abaixo disso nós vamos ter da superfície até um, dois metros de profundidade em média", explicou Fábio Augusto Reis, professor de geologia da Unesp.
O fato de o solo da Serra do Mar não ser tão profundo quanto no interior do estado, porque no litoral a rocha aflorou sobre a superfície, faz com que a água da chuva, ao se embrenhar no espaço livre na terra, não consiga descer muito, já que a rocha é impermeável.

Com isso, ela se acumula perto da superfície e, caso a chuva não pare, pode levar a uma supersaturação do solo, que acaba transformado de um estado sólido para um estado "plástico" e, depois, para o estado líquido, segundo o professor da Unesp.

Inclinação média de 30 graus

A terra nesse estado líquido passa então a sofrer com o efeito da gravidade, por causa do ângulo de seus morros.

“Muito está relacionado com a inclinação da encosta”, diz o professor. “A inclinação da encosta na Serra do Mar, nós estamos falando em inclinações acima de 30 graus. Acima de 17 graus, de 20 graus de inclinação a gente já começa a ter o processo de movimento gravitacional de massa, dentre eles o escorregamento.”
Outro processo que, segundo ele, é ainda mais intenso, é o chamado fluxo ou corrida de detritos.

De acordo com Reis, o material do solo, junto com árvores e até blocos rochosos, se depositam na base da encosta. Conforme a chuva vai ocorrendo, esse material pode receber mais água e virar um fluxo líquido, que vai em direção aos rios, passando por estradas, entrando nas ruas, derrubando casas até atingir uma parte mais plana, onde estão as praias, ou até atingir o mar.

"Por isso nós vimos vários locais, principalmente em Toque Toque, mesmo na Barra do Sahy, no Juquehy, os fluxos indo no meio da rua, porque são as áreas onde o fluxo vai encontrar", diz ele, ressaltando que "esse fluxo de detritos é tão forte que pode levar blocos rochosos do tamanho de uma casa".

'Paredão' que prende as nuvens
Mas o processo de liquefação do solo e, depois, do movimento gravitacional de massa, só ocorre se existe a água para iniciar toda essa transformação. "A chuva é o agente deflagrador do processo. Ou seja, ela que que induz o processo [de movimento] mais rapidamente, pela saturação do solo", diz o professor.

O problema é que, como a Serra do Mar é composta de uma cadeira de rochas altas, ela acaba formando um "paredão" que impede a dissipação das nuvens.

Carregadas de água, elas acabam concentrando as chuvas justamente sobre as cidades litorâneas e os morros inclinados e com solo superficial. E o desmatamento para a ocupação irregular do solo torna tudo isso ainda mais perigoso.


Vídeo de Deslizamento na Rio-Santos

Área de Alerta:

Ocupação de encosta na Vila Sahy era 'tragédia anunciada', disse Ministério Público em 2021

Ação movida pelo órgão cobrava regularização da área e alertou administração municipal sobre riscos do crescimento desordenado. Vila Sahy foi área mais atingida por temporal que devastou o Litoral Norte de São Paulo.

O crescimento desordenado com a ocupação de morros na Vila Sahy, na costa sul de São Sebastião, era o prenúncio de uma tragédia. O alerta foi feito há dois anos pelo Ministério Público Estadual em ação contra a prefeitura cobrando a regularização da área, que foi devastada com um temporal.

"A manutenção do núcleo congelado, na área e nos moldes em que se encontra, é uma verdadeira tragédia anunciada, a qual, salienta-se, já se concretizou na área de outros núcleos congelados, em diversas oportunidades ao longo dos últimos anos", disse o MP em 2021.

No documento obtido pelo g1, a Promotoria afirma que o crescimento desordenado na Vila Sahy aconteceu por falta de fiscalização da administração municipal, já chefiada pelo prefeito Felipe Augusto (PSDB), e que havia riscos para os moradores.

"A ausência de ação fiscalizatória do Poder Público municipal e total ineficiência das medidas adotadas dentro de seu poder de polícia permitiram a ocupação e a expansão desenfreada do núcleo", concluiu o órgão.

No documento, o Ministério Público acrescentou ainda que a comunidade estava instalada em uma área sujeita a risco de deslizamentos de terra e suscetível a inundações, o que aconteceu de forma severa no último fim de semana.

A Vila Sahy é uma área, em tese, "congelada", isto é, em que são proibidas novas ocupações. O congelamento ocorreu em 2009, quando a Prefeitura de São Sebastião assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público.

Na ocasião, a prefeitura se comprometeu a regularizar a área em um prazo de dois anos, o que não aconteceu. Em março de 2021, então, o Ministério Público entrou com uma ação civil pública para exigir a intervenção no local -- o que inclui ligação oficial de água, luz, urbanização e liberação das áreas de risco.

Embora a ação seja de 2021, a discussão para regularização fundiária de áreas como a Vila Sahy se arrasta há anos. O MP informou que ajuizou 42 ações civis públicas com o objetivo de decretar intervenções em 52 áreas com deficiências de infraestrutura e riscos à população de São Sebastião.

No caso da Vila Sahy, a Justiça determinou a regularização fundiária em 2022, o que ainda não saiu do papel.

A prefeitura recorreu alegando que os prazos estabelecidos eram são inexequíveis, ou seja, não podiam ser cumpridos.

A administração diz que trata-se de um núcleo de alta complexidade e que era necessária a conclusão de estudos geológicos, que antecedem a regularização em si. O recurso foi negado.

O que diz a prefeitura
Por meio de nota, a prefeitura de São Sebastião informou que “em 2017, tinha 102 núcleos urbanos não formais, que precisavam ser regularizados”, mas que “o problema da ocupação irregular no município era bastante grave já em 2009, época em que existiam 54 núcleos”.

De acordo com a prefeitura, “em razão da demanda preocupante, naquele mesmo ano foram firmados entre a Prefeitura de São Sebastião e o Ministério Público (MP) 42 Termos de Ajustes de Condutas (TACs) - um compromisso para que as áreas fossem regularizadas”.

Ainda segundo a prefeitura, “os compromissos de regularização assumidos pelo município de São Sebastião em 2009 não foram cumpridos, com o agravamento da formação de novos núcleos urbanos informais e a expansão dos já existentes”.

A administração informou que “adotou medidas para minimizar os riscos à população quanto a possíveis cheias e enchentes”, com a criação da Secretaria Municipal de Habitação e Regularização Fundiária e a lei de regularização fundiária.

O órgão disse também que a "Defesa Civil realizou o protocolo de comunicação de alerta às pessoas que moram em áreas de risco", mas que “nesse fim de semana, não houve, infelizmente, a possibilidade de retirada, num curto espaço de tempo, de toda a população instalada em áreas de risco”.

A prefeitura alegou também que “não recebe verba para a prevenção de desastres naturais desde 2013, mesmo o município requerendo constantemente" e que “não foi possível a Prefeitura sozinha alocar todos os recursos necessários para a regularização dos 102 núcleos irregulares existentes”.

Governo de SP e Prefeitura de São Sebastião foram avisados de risco de desastre 2 dias antes, diz diretor de órgão nacional de monitoramento

Moradores relatam, porém, que não foram alertados sobre o perigo de deslizamento. Ministro da Integração e governador de São Paulo reconhecem falha no sistema; prefeitura não se manifestou.

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) disse que o governo do estado de São Paulo e a Prefeitura de São Sebastião foram avisados com dois dias de antecedência sobre o risco de desastre na cidade em razão de fortes temporais. O alerta citava a Vila do Sahy, onde depois mais de 30 pessoas morreram.

Moradores relatam, porém, que não foram alertados pela Defesa Civil e que não houve nenhum pedido para que deixassem suas casas mesmo diante do perigo de deslizamento. 

“Nós conseguimos fazer a previsão com 48 horas de antecedência, inclusive, dando a localização do desastre”, afirmou ao g1 o diretor do Cemaden, Osvaldo Moraes.

O Cemaden, que é um órgão federal, opera sem interrupção, monitorando, em todo o território nacional, as áreas de risco dos municípios classificados como vulneráveis a desastres naturais.

O seu papel é acompanhar os índices meteorológicos e geológicos – de movimentação de terra – para, com base nisso, emitir alertas para que os órgãos de prevenção atuem nas áreas.

Veja a cronologia do desastre:

Quinta-feira (16)

Segundo o diretor do Cemaden, dois dias antes da tragédia, foi enviado um alerta ao governo federal e à Defesa Civil do estado de São Paulo sobre o risco de desastre.
O ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, confirmou a informação. O estado, por sua vez, diz que repassou o alerta ao município de São Sebastião.
O governo chegou a fazer uma publicação nas redes sociais da Defesa Civil de São Paulo avisando sobre o risco de chuva na região no fim de semana. Em nota, o governo informou que já na quinta-feira havia mobilizado as prefeituras das cidades que seria afetadas pelo aviso -- que incluía São Sebastião. Apesar disso, a Defesa Civil municipal não fez qualquer aviso.

Sexta-feira (17)

0h52: A Defesa Civil do estado de São Paulo enviou o primeiro alerta por SMS no celular de 34 mil pessoas cadastradas em seu sistema no Litoral Norte. Segundo o IBGE, a região tem cerca de 288 mil habitantes. A mensagem, porém, citava apenas "chuva isolada" em Ubatuba e nas áreas próximas.

Manhã de sexta: 

O Cemaden acionou o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), do governo federal, para uma reunião conjunta com a Casa Militar de São Paulo, que é responsável pela Defesa Civil estadual.

A reunião com eles ocorreu na sexta de manhã. Explicamos o panorama e elaboramos uma nota técnica, um alerta do risco já com essa situação de risco elevado. Isso foi entregue a todos os órgãos que atuam na prevenção de desastres.
— Osvaldo Moares, presidente do Cemaden

Segundo o presidente do Cemaden, o governo federal e o estadual receberam uma lista com todas as áreas em risco no Litoral Norte, incluindo a Vila do Sahy.

Sábado (18)

De sábado até domingo, o Cemaden emitiu aos órgãos de prevenção seis alertas sobre o risco de desastre de chuva e deslizamento de terra no Litoral Norte. Os avisos incluíam São Sebastião e também a Vila do Sahy.

12h22: A Defesa Civil do Estado enviou um SMS para a população avisando que a chuva estava se espalhando pela região de Ubatuba e Caraguatatuba.

No sábado à noite, começou a chover bem forte na região.

19h28: Um dos alertas do Cemaden avisou sobre o risco hidrológico (de chuva) muito alto. Toda a cidade de São Sebastião estava em vermelho no mapa de São Paulo.


19h49: A Defesa Civil do Estado enviou outro SMS para a população avisando que a chuva estava se espalhando pela região do Litoral Norte, com ventos e raios.

21h27: O Cemaden emitiu um alerta sobre o risco muito alto de movimento de massa (deslizamento de terra).

Segundo o Cemaden, a classificação de risco muito alto significa que o "desastre vai acontecer". Ou seja, que haverá deslizamento de terra e inundação.
A função do Cemaden é prever o desastre e isso foi feito. Nossa responsabilidade termina aí. Emitimos o alerta para os órgãos na quinta-feira. Eles foram avisados.
— Osvaldo Moraes, diretor do Cemaden

Por volta de 23h: A tempestade já estava bastante intensa, além do limite previsto pela meteorologia. A Defesa Civil municipal tentou chegar até a Vila do Sahy, mas já não havia mais acesso em razão dos deslizamentos de terra.
23h13: A Defesa Civil do Estado enviou um SMS dizendo que havia "chuva persistente no Litoral Norte" e alertava para que a população ficasse atenta "a inclinação de muros e a rachaduras" e, se precisasse, saísse do local. Neste momento, porém, não havia abrigo montado pela Defesa Civil ou qualquer orientação para onde a população deveria ir.

Domingo (19)
Por volta de 2h: As chuvas estavam bem intensas e começaram os deslizamentos na região do Litoral Norte. Vários pontos já estavam sem energia elétrica e sinal de internet ou celular.
3h15: A Defesa Civil do Estado de São Paulo mandou um novo SMS por celular orientando a população a ficar atenta a inclinação de muros e a rachaduras, mas não falava nada sobre o risco de deslizamentos.

6h23: Novo SMS da Defesa Civil do Estado de SP falava em chuva, vento e raios e pedia para, "em caso de inclinação diferente dos muros", sair do local. No entanto, não fazia qualquer menção a deslizamentos.
Nesse horário, já havia mortos e desaparecidos soterrados.

7h04: Pela primeira vez desde o início dos temporais, a Prefeitura de São Sebastião, em uma rede social, publicou um aviso de que tinha chovido forte na cidade e que havia "diversos deslizamentos, alagamentos e desabamentos".

Sem alerta
Moradores relataram, no entanto, que não foram avisados pela Defesa Civil e que não houve nenhum pedido para que deixassem as casas apesar do risco de deslizamento.

Em nota, a Defesa Civil Estadual disse que o risco foi divulgado na imprensa e redes sociais e por mensagens de SMS no celular das pessoas cadastradas em seu sistema em todo o Litoral Norte. As mensagens, porém, não dão dimensão do risco.

O g1 questionou o órgão se as medidas foram suficientes e o motivo de, sabendo do risco, não ter evacuado a área, mas não obteve resposta.

Por sua vez, a Defesa Civil da cidade de São Sebastião não fez publicações alertando sobre o risco. Nos canais da prefeitura, não foram publicados os avisos vindos do estado ou do Cemaden.

O g1 procurou a Prefeitura de São Sebastião para esclarecer o motivo de não ter emitido alerta ou mobilizado os moradores e evacuado a área antes do deslizamento, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Segundo o g1 apurou, a decisão de não divulgar o comunicado seria pelo risco de afastar o turista da cidade no carnaval.

A reportagem apurou que a primeira vez que a Defesa Civil esteve no local foi por volta das 11h, mas não havia mais acesso à área, pois os deslizamentos já começavam a bloquear ruas e avenidas.

Tragédia sem aviso
O risco emitido pelo Cemaden no fim de semana era classificado como "muito alto", o que significa a iminência de um desastre.

A região do Litoral Norte, assim como todo o estado de São Paulo, não tem sirenes nas áreas de risco que podem avisar as pessoas para evacuar a área. Com isso, a população de São Sebastião e, especificamente, da Vila do Sahy, dependiam do aviso da Defesa Civil municipal e estadual.

Os moradores relatam que não receberam nenhum alerta para deixar suas casas ou que avisassem de um risco de desastre. Alguns confirmaram ter recebido um aviso, mas de uma chuva menor do que a ocorrida.


"A Defesa Civil manda os alertas sempre, mas não nessa gravidade toda. Disseram que eram 200 milímetros, mas 200 milímetros a gente vem pegando o ano todo. Não teve nenhum toque de evacuar, nada, nada, nada", contou um morador.
No site e em redes sociais da prefeitura, que é responsável pela Defesa Civil municipal, não foi feita qualquer publicação com o aviso de risco. A última mensagem sobre chuva havia sido no dia 15 de fevereiro, antes do alerta de risco do Cemaden, apenas com uma foto e contatos da Defesa Civil. 

A tragédia aconteceu no feriado de Carnaval, um dos períodos mais movimentados para o turismo. De acordo com balanços divulgados pela prefeitura de São Sebastião, eram esperadas 500 mil pessoas para os quatro dias.

O único aviso sobre a chuva foi feito nos canais da Defesa Civil Estadual, pela rede social e site, na quinta. No dia da tragédia, madrugada de domingo, a ferramenta de SMS – que alerta pessoas cadastradas sobre riscos nas suas regiões, com base no CEP – enviou 14 mensagens avisando sobre as chuvas, mas sem menção ao perigo de desabamento.

Governos admitem falha no alerta
Após a tragédia, tanto o governo federal quanto o estadual e o municipal têm sido cobrados sobre a forma como as pessoas foram avisadas, já que houve uma série de alertas e os órgãos de proteção sabiam do risco.

Em entrevista à TV Globo na segunda (20) o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse que é preciso ter ferramentas eficazes de alerta.

Essa tragédia nos deixa também várias lições aprendidas e a gente vai estar sempre aperfeiçoando. A maneira de fazer o alerta, a maneira de se comunicar com as pessoas.
— Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo

O ministro da Integração, Waldez Góes, também admitiu, em entrevista à GloboNews, que a forma de alerta não é eficaz e informou que o governo federal vai atuar para uma mudança nas ações.

"É importante a gente entender que nós precisamos criar alertas localizados e com preparação dessa comunidade. Quando fala de sistema de alerta por sirene, por exemplo, e toda a comunidade ser preparada para isso, a igreja, a escola, comerciante, a sociedade", disse.

No domingo (19), o colunista Gerson Camarotti havia adiantado que o governo de São Paulo tinha conhecimento, dois dias antes da tragédia, do risco de chuvas fortes na região de São Sebastião.

Ações em Desenvolvimento:

Desobstrução das vias:


Ações informadas a serem desenvolvidas:


Video com a apresentação de ações. 

Ações que serão desenvolvidas, após a Tragédia do Litoral Norte, São Paulo:

- Reposionar radares para litoral (melhorar previsão de fenômenos extremos);

- Aprimorar alerta via celular;

- Instalar sistemas de sirene;

- Capacitar e treinar, pontos de encontro e demais questões.

Algumas ações que já poderiam ser tomadas de forma proativa. 

Importante estender estas ações e outras necessárias, para outros municipios do Brasil.


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Informe na Revista Proteção sobre o Curso On-Line Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias, através da Abordagem da Segurança Proativa:

Figura - Revista Proteção sobre o Curso On-Line Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias

Link da reportagem:

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Veja também, no vídeo abaixo a indicação de Ivan Rigoletto sobre o Curso, e o vídeo sobre mentoria, capacitação e produtos do Curso Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias em:


Vídeo - Ivan Rigoletto, Phd e Gestor e Consultor de Riscos Sênior em Grandes Organizações, indica o o Curso Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias e Vídeo da Capacitação, Mentoria e Produtos do Curso Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias 


Artigo Internacional sobre a Construção Sociotécnica do Risco e a Proposta dos Modelos Preconizados pela Segurança Proativa em:



Figura - Artigo Internacional sobre a Construção Sociotécnica do Risco e a Proposta dos Modelos Preconizados pela Segurança Proativa

Link do Grupo de Whatsapp do Centro de  Estudos e Curso Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias:


Figura - Grupo de Whatsapp do Centro de  Estudos e Curso Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias

Link com os artigos do Centro de Estudos Gestão de Riscos e  Curso Prevenção de Tragédias:

https://www.researchgate.net/lab/Centro-de-Estudos-e-Curso-Gestao-de-Riscos-e-Prevencao-de-Tragedias-Washington-Barbosa

Figura - Artigos do Centro de Estudos Gestão de Riscos e  Curso Prevenção de Tragédias

Incêndio no Havai.

Que se passa no Havai? A construção sociotécnica do risco. A mistura perigosa que levou à destruição extrema. Reportagem de hj da Revista Norminha. 

Os incêndios no Havai causaram um elevado nível de destruição e de vítimas mortais. Por trás destes eventos, está uma “mistura perigosa”. Os cientistas explicam.

Mais informações em:

https://gestaoproativawb.blogspot.com/2023/08/incendios-florestais-no-havai-matam-53.html


Figura - Reportagem da Revista Norminha sobre o Acidente Maior - Incêndio no Havaí

Explosões em Palotina

Explosões de armazéns de grãos, como a que aconteceu na C.Vale, em Palotina/PR, não são comuns. No entanto, podem ocorrer muito facilmente, se os responsáveis pela estrutura não tomarem as devidas precauções. A precaução mais importante é a redução da poeira suspensa no ar dentro do armazém. A advertência é de Adriano Mallet, consultor em armazenagem de grãos e diretor técnico da empresa Agrocult, em declaração para o portal AviSite.

“Em um silo, que é um espaço confinado, o combustível é o pó suspenso no ar. Se a quantidade de pó presente no ar for densa, muito grande, basta uma faísca, causada por curto-circuito elétrico, um isqueiro, chama de solda, ou qualquer outra origem, para dar a ignição que leva à reação rápida do oxigênio com as partículas de pó, gerando a explosão”, explica.

Mais informações em:

https://gestaoproativawb.blogspot.com/2023/08/destaques-dos-informes-iniciais-da.html

Figura - Reportagem da Revista Norminha sobre o Acidente Maior - Incêndio no Havaí

Análise da Implosão do Submersível Titan através dos Modelos da Abordagem da Segurança Proativa - Reportagem na Revista Norminha de Segurança

O alerta foi dado, há 5 anos, associação disse que submarino passaria por catástrofe, mas diretor da empresa não mudou os planos, diz jornal

O Titan, o submersível que sumiu em um passeio para levar turistas aos destroços do Titanic, não foi submetido à agência de avaliação de riscos.

Mais uma tragédia em que o alerta de especialistas não foi seguido.

As escolhas de design e materiais do submarino podem ter causado a implosão.

Área interna mais espaçosa, e, por isso, o submarino era mais vulnerável à pressão externa que a água exerce, essa mudança tem consequências na fadiga e na delaminação; entenda:

Fadiga: com o tempo, a tensão repetida em um material causa pequenas trincas na superfície. Essas pequenas trincas se propagam devagar, e esses danos vão se acumulando até que haja uma falha. Essa característica é chamada de fadiga.

Delaminação: superfícies de materiais compostos, como fibra de carbono, têm camadas ou placas. A delaminação é o processo físico pelo qual essas camadas começam a se separar umas das outras

Mais informações no link da postagem:

https://gestaoproativawb.blogspot.com/2023/06/implosao-do-submersivel-titan-as.html


Figura - Reportagem da Revista Norminha sobre o Acidente Maior - Explosão do Titan


Link sobre os Times de Aprimoramento da Segurança (TAS), através da Abordagem da Segurança Proativa:

https://gestaoproativawb.blogspot.com/2023/07/times-de-aprimoramento-da-seguranca-tas.html

Figura - Times de Aprimoramento da Segurança (TAS)

E-mail de contato para maiores informações:

washington.fiocruz@gmail.com 

Participe, se especialize e apoie a divulgação desta iniciativa.

Saudações!

Washington Barbosa


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  1. Excelente material! Boa compilação de informação, com organização e sequência lógica, que deixou claro como a tragédia aconteceu, e quais foram as causas imediatas e contribuintes. Infelizmente já vimos isso em outros momentos em nosso país.

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