Dois anos do acidente na C.Vale em Palotina e suas lições para organizações - Vídeos, Reportagens, Artigos e Materias Complementares




Figura - Foto da publicação na Revista Proteção 
 sobre o Acidente da C. Vale em Palotina


Vídeo do Canal do YouTube Acidentes Desastres Tragédias de Washington Barbosa sobre o Acidente da C. Vale em Palotina

Dois anos do acidente na C.Vale em Palotina e suas lições para organizações

Por Washington Barbosa

Damos continuidade a este blog abordando a explosão na C.Vale, em Palotina, pontuando a falha sistêmica, a segurança proativa e os aprendizados para organizações.

No dia 26 de julho de 2023, a unidade da cooperativa C.Vale, em Palotina, Paraná, foi palco de uma tragédia industrial. Uma explosão de grandes proporções em seus armazéns de grãos, ocorrida no final da tarde, resultou na morte de 10 trabalhadores e deixou outros 11 feridos. O incidente causou a destruição de grandes estruturas, mobilizou equipes de resgate de diversas regiões, evidenciando os riscos inerentes a estas operações. A catástrofe desencadeou uma investigação minuciosa para determinar as causas e responsabilidades, levantando questionamentos profundos sobre a segurança e a gestão em ambientes de trabalho.

Falha Sistêmica

A tragédia na C.Vale expôs uma falha sistêmica no gerenciamento da segurança. O risco de explosão por poeira de grãos é um perigo conhecido e documentado na indústria, um fenômeno em que partículas finas em suspensão em um ambiente confinado podem ser detonadas por uma simples faísca. A ocorrência do acidente, portanto, não pode ser atribuída a um erro isolado de um único indivíduo. Pelo contrário, ela aponta para uma deficiência estrutural em todo o sistema de segurança da organização. A falha sistêmica se manifesta na ausência ou insuficiência de medidas de controle e prevenção, como sistemas de exaustão e limpeza adequados para evitar o acúmulo de poeira, ou a falta de um monitoramento rigoroso das condições do ambiente.

Segurança Proativa

Para evitar que acidentes como o da C.Vale se repitam, é imperativo que as organizações adotem uma abordagem de segurança proativa. Essa metodologia transcende a visão reativa de “apagar incêndios” e foca na prevenção. A gestão proativa exige um compromisso com a identificação e a eliminação de riscos antes que eles possam causar danos. Isso se traduz em ações concretas: a implementação de tecnologias, como sensores para detectar concentrações perigosas de poeira e sistemas de supressão de explosões; a realização de análises de risco contínuas, utilizando ferramentas de análise de risco complementares; e a promoção de um ambiente onde os trabalhadores possam a reportar falhas e “quase-acidentes” sem medo de retaliação, participando ativamente da construção da segurança.

Lições para organizações

As lições extraídas deste evento são cruciais para o aprimoramento da gestão organizacional. A segurança precisa ser vista, não como um custo ou uma conformidade burocrática, mas sim como um valor central e um pilar estratégico do negócio. A gestão deve evoluir para além de indicadores reativos (como o número de acidentes) e adotar indicadores proativos (como o número de riscos identificados e corrigidos, e a taxa de participação em treinamentos). É fundamental que a alta gestão lidere essa transformação, com apoio de assessoria na temática da Segurança Proativa, demonstrando seu compromisso com a segurança em cada decisão e alocando os recursos necessários para aprimorar os sistemas de controle e prevenção. O investimento em tecnologia e na capacitação contínua dos colaboradores é uma forma de aprimorar a gestão organizacional, protegendo vidas, a reputação da empresa e sua sustentabilidade a longo prazo.

O blog Prevenir Tragédias propõe a análise dos fatores que levam aos acidentes ampliados, a fim de aprimorar a gestão da segurança e evitar novos acidentes. Washington Barbosa é Doutor em Engenharia de Produção, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Especialista em Gestão das Organizações,  Qualidade, Meio Ambiente e Ergonomia, Engenheiro e Técnico Industrial. É Fundador  do Centro de Estudos e Capacitação da Prevenção de Acidentes Maiores/Tragédias através da Abordagem da Segurança Proativa (ASP), e atua desde 1984 em organizações públicas e privadas nas funções de Gestão, Técnica e Operacional.
washington.fiocruz@gmail.com

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Explosão na C.Vale: Polícia Civil conclui inquérito e indicia três pessoas

Fonte: Jornal do Oeste

Três pessoas foram indicadas pela Polícia Civil após a conclusão do inquérito policial que apurou as causas e os responsáveis pela explosão num dos silos da cooperativa C.Vale, em Palotina, no dia 26 de julho do ano passado. O gerente de Medicina e Segurança do Trabalho, o gerente geral da unidade em Palotina e ainda o analista operacional deverão responder pelos crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa e poderão pegar uma pena de até 4 anos e meio. Mas isso irá depender da denúncia a ser oferecida pelo Ministério Público.

Passados oito meses após a tragédia que matou 10 pessoas e feriu outras 11, o trabalho da Polícia Civil e da Polícia Científica está concluído. O delegado Rodrigo Baptista Santos, da 20ª Subdivisão Policial em Toledo, encarregado das investigações, e o perito criminal Lennon Liancato Ruhnke, chefe da Regional de Cascavel da Polícia Científica do Paraná, concederam uma entrevista coletiva nesta segunda-feira (25), na sede da Ordem dos Advogados do Brasil em Palotina, para dar detalhes do trabalho.


A causa do acidente foi uma faísca de uma pá utilizada para retirar grãos dos túneis onde começou a explosão. Embora não seja proibido, o uso de ferramentas metálicas não é recomendando neste tipo de ambiente de trabalho. A Polícia concluiu ainda uma série de falhas na manutenção dos túneis e naquela unidade específica, com alertas emitidos pelas equipes de manutenção e de segurança do trabalho desde 2021 pelo menos. As faíscas produzidas pelo contato das pás no solo – comprovadas durante a investigação em laboratório – e a poeira explosiva do ambiente dos silos provocou a explosão.

Fontes: Acessa, G1, Portal Maquinas Agricolas, AviSite

Por: Washington Barbosa

A explosão de armazéns de grãos da unidade em Palotina, no Paraná, da cooperativa C.Vale. A explosão, no final da tarde de 26/07/2023, deixou 10 trabalhadores mortos, além de 11 feridos. 

O acidente em Palotina atingiu quatro silos, que armazenavam 12 mil toneladas de soja e 40 mil toneladas de milho. De acordo com equipes do Corpo de Bombeiros, as vítimas foram encontradas nos túneis subterrâneos ligados aos silos.

A Polícia Civil do Paraná instaurou um inquérito para apurar o caso logo após o acidente.

A C.Vale é uma cooperativa agroindustrial -produção de soja, milho, trigo, mandioca, leite, frango, peixe e suínos- com atuação no Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Paraguai.


Vídeo 1 - Explosão na Cooperativa de Palotina no Paraná.

Vídeo 2 -  Corpo de Bombeiros no início da resposta da emergênica

Vídeo 3 -  Câmara de segurança externa e interna mostrando o momento exato da explosão e informações iniciais do acidente


Vídeo 4 - Visão geral dos danos na Cooperativa de Palotina.

Abaixo vídeo de explosão por poeiras em suspensão:

Vídeo 5 - CBS de uma explosão em 2008 em uma usina de açúcar nos USA


Vídeo 6 - Importância da limpeza de poeiras combustíveis, deflagração e explosão com onda de choque e bolas de fogo

Uma questão que pode ser utilizada neste caso e em questões similares.

Gestão Dinâmica da Segurança, áreas de normalidade, alerta e emergência, mais informações na descrição do vídeo abaixo.

Vídeo 5 -  Gestão Dinâmica da Segurança.


Principais riscos em silos

Embora uma das principais causas de morte em silos seja o soterramento por grãos, outros perigos cercam os trabalhadores que atuam nesses armazéns.

Segundo Paula Scardino, coordenadora nacional da NBR 14.787 e da 16.577 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e Membro do GT Tripartite Patronal e da nova NR-33 – Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados, entre os principais riscos em silos estão ainda explosão por pós, poeiras ou fibras combustíveis, explosão de gás, como o metano, intoxicação por gases tóxicos, como pelo gás sulfídrico ou sulfeto de hidrogênio (H₂S) , deficiência de oxigênio – causada normalmente pelos gases da família asfixiante simples, como dióxido de carbono (CO2) e metano (CH₄) –, além de inundação, engolfamento, incêndio, choques elétricos, eletricidade estática, queimaduras, quedas, escorregamento, impacto, esmagamento, amputações e outros.

Poeiras combustíveis

A especialista ressalta que “o comportamento de atmosferas perigosas de gases é totalmente diferente do comportamento das poeiras combustíveis”. No caso de poeiras combustíveis, os perigos encontram-se com a junção dos seguintes elementos:

• poeira combustível em suspensão (normalmente presente nas esteiras, nos elevadores ou no processo em geral);

• a concentração da poeira combustível deve estar na faixa ideal, entre o limite inferior de explosividade e o limite superior de explosividade;

• ar – oxigênio presente na atmosfera;

• espaço confinado; e

• fonte de ignição de potência adequada.

Ela afirma que “o controle de fontes de ignição potenciais devem ser conhecidas por todos os profissionais que operam silos ou graneleiros”, diz. Paula também elenca as principais fontes de ignição:

• Origem eletrônica: equipamentos eletrônicos em geral, como rádios, celulares e lanternas;

• Origem elétrica: fios, tomadas, botoeiras, luminárias, arco elétrico, solda, centelhas nas escovas do rotor, descarga atmosférica, raios etc.;

• Origem mecânica: esteiras, elevadores de caneca, moinhos e elevadores;

• Origem eletrostática: fricção, atrito, transferência de gases, líquidos, querosenes de aviação, óleo diesel, óleo lubrificante, gasolina, solventes; e

• Superfícies aquecidas: linhas de energia, resistência de aquecedores e lâmpadas.

Explosões de armazéns de grãos, como a que aconteceu na C.Vale, em Palotina/PR, não são comuns. No entanto, podem ocorrer muito facilmente, se os responsáveis pela estrutura não tomarem as devidas precauções. A precaução mais importante é a redução da poeira suspensa no ar dentro do armazém. A advertência é de Adriano Mallet, consultor em armazenagem de grãos e diretor técnico da empresa Agrocult, em declaração para o portal AviSite.

“Em um silo, que é um espaço confinado, o combustível é o pó suspenso no ar. Se a quantidade de pó presente no ar for densa, muito grande, basta uma faísca, causada por curto-circuito elétrico, um isqueiro, chama de solda, ou qualquer outra origem, para dar a ignição que leva à reação rápida do oxigênio com as partículas de pó, gerando a explosão”, explica.

Para reduzir a poeira de grãos no silo ou armazém, Mallet recomenda duas estratégias: captação e exaustão. No caso da captação, o consultor aconselha a instalação, em todos os pontos prováveis de geração de poeira, de sistemas de captação do ar com canalização que leve a um filtro de manga. O objetivo é reter o pó no filtro e liberar, dentro do ambiente, um ar mais limpo.

Além disso, é aconselhada a instalação, na cobertura do armazém ou silo, de algum sistema de exaustão, para que o ar carregado com poeira seja removido para fora. “Dessa forma, reduzimos a densidade de partículas em suspensão no ar, reduzindo a chance de uma explosão caso ocorra algum tipo de chama ou faísca no local”, explica o consultor.

Boas reportagens da Revista Proteção:


Centro de Estudos e Curso Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias (Acidentes Maiores, Fatais e Graves) através da Abordagem da Segurança Proativa, mais informações, vídeos e materiais complementares, acessar os links desta postagem. 

Você quer aprimorar as questões essenciais para a Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias, na sua organização, empresa, serviço ou atividade, com um intuito de aperfeiçoar a forma de pensar um Ambiente de Segurança Proativa?

A gestão da segurança pode ser dividida em duas funções auxiliares: riscos e emergências. A primeira visa controlar os fatores latentes e a segunda são as manifestações dos riscos em fatos reais. Portanto, existem duas formas complementares de atuação: preventiva e corretiva, sendo que a proposta de Abordagem da Segurança Proativa, busca evitar que a organização aja apenas de forma reativa. 

Importante se debruçar sobre estas questões, e aprofundar os estudos acadêmicos, com aplicação nas empresas, para desenvolver propostas para evitar estas tragédias.

O Curso Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias, através da Abordagem da Segurança Proativa, está validado por profissionais seniores, plenos, juniores e estudantes. 

Para os profissionais seniores e especialistas no assunto de Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias esta capacitação, serve para refletir e debater a temática, para os profissionais plenos, serve como um aprofundamento, para os profissionais juniores e estudantes, serve como um início de aproximação nesta temática.

Link eletrônico de acesso ao conteúdo do Centro de Estudos e Curso Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias (Curso On-Line, Blog, Canal do You Tube, Grupo de Whatsapp, Linkedin, Facebook, Instagram e outros links):


Informe na Revista Proteção sobre o Curso On-Line Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias, através da Abordagem da Segurança Proativa:

Veja também, no vídeo abaixo a indicação de Ivan Rigoletto sobre o Curso, e o vídeo sobre mentoria, capacitação e produtos do Curso Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias em:


Vídeo - Ivan Rigoletto, Phd e Gestor e Consultor de Riscos Sênior em Grandes Organizações, indica o o Curso Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias e Vídeo da Capacitação, Mentoria e Produtos do Curso Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias 


Artigo Internacional sobre a Construção Sociotécnica do Risco e a Proposta dos Modelos Preconizados pela Segurança Proativa em:



Link do Grupo de Whatsapp do Centro de  Estudos e Curso Gestão de Riscos e Prevenção de Tragédias:



Link com os artigos do Centro de Estudos Gestão de Riscos e  Curso Prevenção de Tragédias:

https://www.researchgate.net/lab/Centro-de-Estudos-e-Curso-Gestao-de-Riscos-e-Prevencao-de-Tragedias-Washington-Barbosa

Link com o case da Tragédia da Implosão do Submersível Titan:

https://gestaoproativawb.blogspot.com/2023/06/implosao-do-submersivel-titan-as.html

Link com a o case da Tragédia do deslizamento de encosta e morte de dezenas de pessoas do Litoral Norte de São Paulo: 

https://gestaoproativawb.blogspot.com/2023/02/tragedia-no-litoral-norte-de-sao-paulo.html

Link sobre os Times de Aprimoramento da Segurança (TAS), através da Abordagem da Segurança Proativa:

https://gestaoproativawb.blogspot.com/2023/07/times-de-aprimoramento-da-seguranca-tas.html

E-mail de contato para maiores informações:

washington.fiocruz@gmail.com 

Participe, se especialize e apoie a divulgação desta iniciativa.

Saudações!

Washington Barbosa


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